sexta-feira, 17 de outubro de 2025

HISTÓRIA E LITERATURA - CONTO ALICERCE, GENI GUIMARÃES

 


 

 

 

 

 

Meu pai chegou do trabalho na lavoura, tirou do ombro o bornal com a garrafa de café vazia e sentou-se num degrau da escada da porta da cozinha.
Pediu-me que fosse buscar o rolo de fumo de corda, que ia, enquanto esperava o jantar, preparar os cigarros para a noite e o dia seguinte.
Eu trouxe e ele, ao desembrulhar o fumo, deu com a cara do Pelé sorrindo no jornal do embrulho. Enquanto desamassava o papel para ver melhor, disse-me:
— Este sim, teve sorte. Lê aí pra mim, filha. Fala devagar, senão eu não decifro direito.
Peguei o jornal e comecei a ler o comentário que contava façanhas esportivas e dava algumas informações sobre a vida fantástica do jogador. Muitas palavras eu não sabia do significado, mas adivinhava quando olhava no rosto do meu pai e ele soltava ameaços de risos, sem tirar o olho da mão trêmula que picava o fumo.
Quando terminei a leitura, ele disse:
— Benzadeus. Você viu só, minha filha? Era assim como nós. O pai dele é que deve não se caber de orgulho. Ver um filho assim, acho que a gente até esquece das durezas da vida.
Deu um suspiro comprido e acrescentou:
— Se a gente pelo menos pudesse estudar os filhos...
Senti uma pena tão grande do meu velho, que nem pensei para perguntar:
— Pai, o que que mulher pode estudar?
— Pode ser costureira, professora... — Deu um risinho forçado e quis encerrar o assunto.
— Deixemos de sonho.
— Vou ser professora — falei num sopro.
Meu pai olhou-me, como se tivesse ouvido blasfêmia.
— Ah! Se desse certo... Nem que fosse pra mim morrer no cabo da enxada. Olhou-me com ar
de consolo. — Bem que inteligência não te falta.
— É, pai. Eu vou ser professora.


In: Geni Guimarães. Leite do peito: contos. São Paulo: Fundação Nestlé de Cultura, 1988, pp. 73-79.

Quem é Geni Guimarães: É professora, poeta e escritora. Nasceu no município de São Manuel (SP), em 8 de setembro de 1947. Iniciou a carreira literária escrevendo para jornais no interior paulista, onde envolveu-se com questões socioculturais do campo e reflexão em torno da literatura negra. Escreveu vários livros: Terceiro filhoBalé das emoçõesA dona das folhasA cor da ternuraLeite do peitoO rádio Gabriel (infantil), Aquilo que a mãe não quer (infantil). Também publicou na série “Cadernos Negros” e participou de algumas antologias.

 

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

DIA DOS PROFESSORES - DIA DAS PROFESSORAS - 15 DE OUTUBRO

"Tive um professor que dizia que os docentes são pessoas que gostaram tanto da escola que resolveram ficar" (Maria Ondina, p. 167). Talvez sejamos mesmo aqueles alunos(as) que nunca faltavam, nem em dia de chuva.

Os que aprendiam rápido o nome dos colegas, que esperavam ansiosos o recreio, mas contavam os dias para as férias acabarem. 

Ficamos, porque aprendemos a amar esse espaço de descobertas, de encontros de vidas que se transformam. Ser professor(a) é permanecer na escola com o coração de quem aprende e a esperança de quem ensina. Feliz dia dos professores. 

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SIMULADO DE HISTÓRIA-9º ANO

 

 1. Leia o texto e observe a imagem:

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cartaz produzido durante a campanha pela Anistia no final dos anos 1970.

 

 Participação popular e a anistia

Na comemoração de 1º de maio, Dia do Trabalho, de 1979, depois de uma missa no paço municipal de São Bernardo do Campo, cerca de 150 mil pessoas se dirigiram ao Estádio da Vila Euclides e lá realizaram um grande ato público pela democratização do país. Além de operários, estudantes, artistas, líderes comunitários, religiosos e políticos de várias tendências, também esteve presente às comemorações daquele 1o de maio o Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA), que liderava a campanha pela “anistia ampla, geral e irrestrita (Livro didático, p. 208, 2025).

 

Com base na análise de um cartaz da campanha pela anistia durante a Ditadura Militar, observa-se o símbolo da “liberdade pela metade”. Esse efeito visual é reforçado por um detalhe marcante na imagem.

 

Assinale a alternativa que melhor representa esse elemento:

(A) Uma bandeira do Brasil ao fundo, que representa a volta da democracia.

(B) A metade do rosto de uma pessoa, que aparece coberto, sugerindo que a liberdade ainda não era plena.

(C) O uso de cores vibrantes, que indica otimismo com o futuro político do país.

(D) O símbolo de mãos algemadas, revelando a repressão imposta pelo regime militar.

 

2. Com base na frase “Não queremos liberdade pela metade”, presente no cartaz da campanha pela anistia de 1979, assinale a alternativa que melhor expressa o objetivo dos autores da mensagem:

 

(A) Exigiam uma anistia parcial, somente para os que foram exilados por motivos políticos.

(B) Reivindicavam a punição imediata dos presos políticos por atos contra o regime.

(C) Defendiam apenas o retorno dos militares ao poder, mas com eleições diretas.

(D) Lutavam por uma anistia ampla, que garantisse a libertação dos presos políticos e o retorno dos exilados.

 

3.  Ao assumirem o poder em 1964, os militares afirmaram que ficariam no governo por um curto período, até que a chamada “ameaça comunista” fosse contida e novas eleições fossem realizadas. No entanto, essa promessa não foi cumprida.

 


Por quanto tempo os militares permaneceram no poder?

 

(A) 10 anos.

(B) 21 anos.

(C) 15 anos.

(D) 23 anos.